segunda-feira, 31 de agosto de 2009

gravações [1]

O primeiro final de semana de gravações foi muito bom, matamos todas as sequências do apartamento: quarto, sala e varanda.

Eu e a Mayara discutimos um pouco por causa do figurino - uma das blusas que ela escolheu e que eu tinha gostado foi vendida na loja que está nos apoiando; ela teve que trazer outra de última hora. O problema é que eu não curti essa blusa nova e decidi, com a sugestão do Morotó, que a Giselle devia vestir um casaquinho verde da Mari - o mesmo que ela estava usando no dia que tiramos as fotos de referência. Aí foi a vez da Mayara não gostar da idéia e, no fim das contas, acabamos usando as duas opções: a blusa que ela queria por baixo do casaquinho que eu gostava. Pra mim, foi melhor assim, mas tenho a impressão de que ela não se acostumou com o resultado.

O primeiro dia foi mais tranquilo; menos planos. O segundo é que foi cansativo. Uma coisa pode ter influenciado: no segundo dia, tinha muito mais gente em set do que no primeiro, e ainda tinhamos planos e cenas mais complicadas de serem gravadas.

A cena do telefonema final, por exemplo, nos consumiu algumas horas. Se não me engano, chegamos a fazer uns 20 takes por diversos motivos: som, enquadramento, problema no telefone (explicarei), interpretação, lágrimas e tudo mais.

Me explico:
Durante os ensaios, eu fiz a voz do marido de ANA na cena do telefonema com a Giselle e resolvi que, no momento que fossemos rodar, eu faria a tal voz. Não como a voz oficial do marido no curta - nesse caso, será outra pessoa que fará, na pós.
Mas, durante a encenação, com a câmera rodando, a Giselle realmente discava no celular e eu, em outro cômodo, atendia a ligação e "interpretava" o marido. Eu não sou ator, mas é que ensaiei tanto que a coisa ficou razoável - depois posto o video do making of e cada um que tire suas conclusões.

Enfim, o primeiro take foi muito bom, com excessão da "lágrima" que caiu demais do conta-gotas. Depois, como falei, cada hora tinha um motivo diferente para o "corta!". Pra piorar, era difícil assitir a cena no monitor e "interpretar" o marido ao mesmo tempo, aí eu resolvi colocar o Morotó pra assistir o plano em tempo real e eu revisava depois de cada tomada.

Logo após uma das tentativas, o Morotó observou que, pela repetição, a coisa estava começando a ficar mecânica e isso estava prejudicando a Giselle.

Decidimos parar e dar 10 minutos de pausa pra tomar ar, trocar idéia e curtir a espetacular vista que a varanda da locação oferecia. A idéia era esquecer o plano e voltar com o gás e o frescor de um primeiro take.

Durante a pausa, matutei e achei por bem mudar o texto das falas do marido na intenção de surpreender a Giselle durante a cena e tentar estimular nela algum sentimento "novo". Antes de rodar, avisei que eu poderia mudar alguma coisa do texto, pra não ter o risco de ela cortar a cena com o susto. Foi o que fiz, mudei radicalmente alguns diálogos e não deu outra: Bingo!

Só como exemplo, logo no início da ligação a personagem pergunta se seu marido pode atendê-la; ele diz que sim e pergunta como ela está. Quando a Giselle deu o texto com a pergunta, eu respondi "não, mas já que você ligou, como está?", e segui com outras mudanças.

Resultado: a ação fluiu melhor, assim como no primeiro take. Todos os outros fatores também funcionaram e, então, matamos a primeira e mais difícil cena do dia. A Giselle está de parabéns, sua interpretação ficou bem emocionante. Aliás, ela provou no ensaio que não precisa de conta-gotas e que, interpretando a ANA, se emociona mesmo. Mas é que o plano era muito específico e um tanto esquemático: pra mim, havia um tempo certo pra lágrima entrar em quadro e, quando a gente chora, não dá pra controlar esse tipo de coisa.

Bom, eu e Pedro fizemos um "teaserzinho" agora pro pessoal ver. Quem quiser assistir com mais qualidade de imagem, é só abrir direto no Youtube e clicar em "HD".
Espero que gostem:




Mikael Santiago

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sem sono

São 4:19 da madruga; tenho que estar em set daqui a pouco pro primeiro dia de gravações e o sono não vem. Tá tudo resolvido pra amanhã, tudo tranquilo, traquilo mesmo.

Fiquei virando de um lado pro outro na cama até que resolvi vir dar uma olhada na caixa de email e no fórum virtual sobre cinema que participo. Sabe como é, ler é uma atividade boa pra relaxar antes de uma soneca. Terminei o Crônicas de Um Amor Louco, do Bukowski, esses dias, e sempre lia um ou dois contos antes de ir dormir - todos geniais, por sinal.
Enfim, abri meu email e vi que o Pedro tinha me mandado dois. Um com os mapas de luz pra eu imprimir e levar amanhã (hoje) - eu tinha esquecido completamente disso; devo dormir mais rápido agora que os imprimi. E o outro, com o título de "INVERNO", um pouco mais carinhoso, que tomo a liberdade de expôr:

"Galera, venho por meio deste e-mail nos desejar uma ótima filmagem; amanhã é o nosso dia!!
Primeiro curta oficialmente da Metrópole, sei que temos tudo pra dar certo, e vamos dar certo!!

Que venham todos os festivais =p

Grande abs a todos, :)"



Ia começar a explicar esse lance de "primeiro curta oficialmente da Metrópole" e bocejei. Explico depois.

Antes de voltar pra cama, posto os tais mapas:








Boa noite aê!

Mikael Santiago

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

"foto-storyboard"

Como prometi há algum tempo, posto agora algumas das fotos que tiramos nas locações como referência pros enquadramentos. A Mari foi a nossa stand-in.

Sequências do carro:




Sequência da varanda:



Sequência do escritório:






Mikael Santiago

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

vários coelhos numa só

Quinta-feira saímos pra jantar eu, Morotó, Mari e Godoi. A Mari queria me dar as últimas notícias da produção; eu queria comer, aí juntamos as duas coisas e fomos conversar num rodízio de massas.

Beleza, pizza vai - pizza vem, a Mari contou que fechou dois apoios de alimentação pro INVERNO. Um deles pra café da manhã e lanche da tarde e o outro pra biscoitinhos que rolarão ao longo dos dias de filmagem.
O Godoi, na reunião geral do dia 9, já tinha dado a notícia de que eles fecharam apoio de almoço em um restaurante na Barra pra um dos finais de semana.

Aí a Mari veio com uma história curiosa: enquanto ela negociava um dos apoios com o dono de uma dessas empresas (ou algo do tipo), ela estava sendo avaliada e nem sabia.
Pra resumir, no fim das contas, o... enfim, empresário gostou da forma como ela apresentou o projeto e a convidou para produzir uma revista pocket que ele está trazendo de BH, voltada para o público jovem; com notícias de festas, eventos culturais e tudo mais.

Só abrindo um parênteses, esse caso só prova o que eu venho falando pra ela: por mais que ela tente evitar e goste mesmo é de exercer direção e suas variantes, ela tem vocação de sobra pra produzir. Não que ela não tenha pra direção também, mas, bom, isso não muda o fato de que ela poderia transitar tranquilamente pelas duas funções. Agora, ela é cabeça dura pra caceta!

Voltando, ela gostou da idéia de produzir a revista e sugeriu, então, que fossem incluídas duas colunas no conteúdo das edições: uma sobre cinema e outra sobre web.
Eles chegaram ao acordo e acabou sobrando pra mim - mesmo só sabendo depois - a responsabilidade de assinar a coluna de cinema da revista. Legal, né?!

Nesse caso, a Mari fez juz ao título do post, já que ela saiu de lá acertando, ao mesmo tempo, o apoio pro INVERNO, a produção de uma revista, duas colunas novas em seu conteúdo, um colunista e o apoio pro ISAAC - abreviação carinhosa do título de seu curta que será rodado no fim do ano. Se ela quiser, com o apoio ou co-produção da Metrópole.

Aproveito pra "matar mais alguns coelhos" e anuncio o novo reforço da equipe de arte: Lia Sarno.
A Lia se formou comigo e acaba de voltar de Madri, onde fez um curso de pós-graduação especializado em direção para cinema. Não sei exatamente por que, e talvez nem ela saiba - essas coisas são assim mesmo -, mas, na Espanha, ela acabou tomando gosto por direção de arte. Lembro de ela ter feito na época de faculdade alguns trabalhos em direção, arte e produção, mas parece que ela voltou decidida. Que bom pra ela e que bom pro INVERNO.

A reunião geral de ontem foi ótima. O pessoal da maquinária e da elétrica pode ficar tranquilo: a Mari deu a boa notícia de que fechamos mais um apoio de alimetação. Portanto, ninguém passará fome no set em nenhum dia, inclusive eles - as dragas. =)

Bom, depois eu vou postar as logos das empresas que estão apoiando nosso curta como forma de agradecimento.

Os ensaios com a Giselle têm sido muito bons - as dicas do Paulo Marcelo estão ajudando bastante. Basicamente, pro trabalho de preparação, estamos utilizando o método da imaginação e não da memória emotiva - coisa que tentei inicialmente. Quer dizer, desconfio que seja quase impossível alguém - ator ou não - conseguir se separar de seus laços de memória emotiva, seja pra interpretar um papel ou, sei lá, pra escrever um romance da mais pura ficção. De modo que não dá pra determinar que um dos métodos se dá de forma isolada, sem influência alguma do outro. No caso da imaginação, por exemplo, é complicado crer que o histórico pessoal de emoções já vividas pelo ator não influencia sua interpretação - ainda mais quando é o caso de o personagem viver algo semelhante com o que já foi vivido por ele.

A vantagem do método da imaginação, como bem apontou o Paulo em nossa troca de e-mails, é que o ator não é tão, digamos, agredido, já que se trata de um método que trabalha prioritariamente com a farsa: quando acabam as filmagens, você sabe que o ator está bem. Muito melhor do que a possibilidade de ele sofrer com uma memória.

___


Bom, a Mayara fotografou a Giselle com as possíveis combinações de roupas; o Mário já viu o que precisava pra começar a trabalhar na barriga; e a correria tá intensa.

Enfim, prometo que tentarei voltar com mais frequência e com postagens mais pontuais.

Mikael Santiago

terça-feira, 11 de agosto de 2009

sem tempo

Estamos fechando alguns apoios e parcerias nessa reta final. A correria tá intensa e não tá sobrando tempo pra vir aqui postar novidades. Ainda tô devendo videos da reunião e do primeiro encontro de preparação com a Giselle.
Com o perdão do trocadilho, parece que amanhã às 11:30 a Mayara e ela vão na loja que está apoiando o curta para provar algumas combinações de roupas, "como manda o figurino".
Quero ver as fotos que a Mayara vai tirar e conversar com ela pra definirmos isso de vez. Assim sendo, posto por aqui o resultado.

Mikael Santiago

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

a barriga

Uma coisa que se deve ter em mente quando se faz um filme em que a personagem principal está grávida, é a noção de que não é nada fácil conseguir uma boa atriz gestante que tenha o perfil físico imaginado. Como se pode notar, acaba sendo muito específico. E, se tratando de um curta-metragem onde a estrutura de realização é amadora, é ainda mais complicado.

Como é habitual que o pessoal torça o nariz quando ouve o termo "amador", é bom esclarecer que esse é um termo que, geralmente, sofre com uma confusão de conceitos.

Amador não é sinônimo de baixa qualidade ou de coisa mal-feita. Amadorismo não é pior que profissionalismo, são só estruturas diferentes relacionadas às exigências de retorno de cada um sobre o trabalho realizado. Pra ficar ainda mais claro: pra determinar se um trabalho assume uma estrutura amadora ou profissional, basta identificar o que está sendo usado como moeda de troca pelo trabalho das pessoas envolvidas. Portanto, nada tem a ver com qualidade.

Em um filme com estrutura profissional, as pessoas são pagas em dinheiro pelo seu trabalho.
Em um filme com estrutura amadora, o pessoal da equipe cede seu trabalho em troca de algo que não seja dinheiro - pelo menos não de forma direta e imediata -, e trabalha, como o próprio nome sugere, por amor ao projeto, enxergando a possibilidade de se ter outro tipo de retorno no fim das contas. Foi um regime parecido na realização de Rio 40 Graus, por exemplo, onde um grupo de amadores entrou pra história do nosso cinema.

Enfim, não me interessa propôr um romantismo acerca de uma estrutura amadora de trabalho. O trabalho profissional garante o pagamento das contas de cada um, e eu espero ser pago por trabalhos que me dêem prazer. Mas, de qualquer forma, na minha ordem de prioridades atual, o prazer vem sempre antes da grana.

Bom, como a Giselle não está grávida, precisávamos de algum maquiador profissional que estivesse disposto a realizar um trabalho amador. Afinal, simular uma barriga de grávida em um curta onde a personagem entra numa piscina e faz um exame de ultra-sonografia com o barrigão exposto é o tipo de coisa que se faz por uma boa grana ou, quando não rola grana, por puro prazer mesmo. E ainda bem que o artista e especialista em efeitos Mário Campioli é dos meus.

Conversamos antes de ontem e ele topou fazer a barriga da personagem ANA. Pelo o que vi no trailer de OLGA, o Mário manja de fazer barrigas.
Por isso, faço essa humilde publiça aqui pra ele:

_________________________________

Só pra deixar registrado: no domingo, a reunião geral foi um pouco cansativa e estressante, mas me parece que já está tudo certo. A câmera de making of passou na mão do pessoal e captou alguns momentos, aí depois eu posto por aqui algum desses videos.

Vâmo-que-vâmo!

Mikael Santiago