quarta-feira, 5 de agosto de 2009

a barriga

Uma coisa que se deve ter em mente quando se faz um filme em que a personagem principal está grávida, é a noção de que não é nada fácil conseguir uma boa atriz gestante que tenha o perfil físico imaginado. Como se pode notar, acaba sendo muito específico. E, se tratando de um curta-metragem onde a estrutura de realização é amadora, é ainda mais complicado.

Como é habitual que o pessoal torça o nariz quando ouve o termo "amador", é bom esclarecer que esse é um termo que, geralmente, sofre com uma confusão de conceitos.

Amador não é sinônimo de baixa qualidade ou de coisa mal-feita. Amadorismo não é pior que profissionalismo, são só estruturas diferentes relacionadas às exigências de retorno de cada um sobre o trabalho realizado. Pra ficar ainda mais claro: pra determinar se um trabalho assume uma estrutura amadora ou profissional, basta identificar o que está sendo usado como moeda de troca pelo trabalho das pessoas envolvidas. Portanto, nada tem a ver com qualidade.

Em um filme com estrutura profissional, as pessoas são pagas em dinheiro pelo seu trabalho.
Em um filme com estrutura amadora, o pessoal da equipe cede seu trabalho em troca de algo que não seja dinheiro - pelo menos não de forma direta e imediata -, e trabalha, como o próprio nome sugere, por amor ao projeto, enxergando a possibilidade de se ter outro tipo de retorno no fim das contas. Foi um regime parecido na realização de Rio 40 Graus, por exemplo, onde um grupo de amadores entrou pra história do nosso cinema.

Enfim, não me interessa propôr um romantismo acerca de uma estrutura amadora de trabalho. O trabalho profissional garante o pagamento das contas de cada um, e eu espero ser pago por trabalhos que me dêem prazer. Mas, de qualquer forma, na minha ordem de prioridades atual, o prazer vem sempre antes da grana.

Bom, como a Giselle não está grávida, precisávamos de algum maquiador profissional que estivesse disposto a realizar um trabalho amador. Afinal, simular uma barriga de grávida em um curta onde a personagem entra numa piscina e faz um exame de ultra-sonografia com o barrigão exposto é o tipo de coisa que se faz por uma boa grana ou, quando não rola grana, por puro prazer mesmo. E ainda bem que o artista e especialista em efeitos Mário Campioli é dos meus.

Conversamos antes de ontem e ele topou fazer a barriga da personagem ANA. Pelo o que vi no trailer de OLGA, o Mário manja de fazer barrigas.
Por isso, faço essa humilde publiça aqui pra ele:

_________________________________

Só pra deixar registrado: no domingo, a reunião geral foi um pouco cansativa e estressante, mas me parece que já está tudo certo. A câmera de making of passou na mão do pessoal e captou alguns momentos, aí depois eu posto por aqui algum desses videos.

Vâmo-que-vâmo!

Mikael Santiago

4 comentários:

  1. Concordo inteiramente com teu ponto de vista sobr esse embate "amadorismo x prossifionalismo". Vale lembrar que não faltam "trabalhos profissionais" em que se trabalha de maneira pior e menos produtiva do que em alguns amadores.

    Quanto à barriga, não tenho como julgar de um ponto de vista "real" (não ví "Olga" - eu sei é uma vergonha!), mas se nosso ilustre 1º assist. confia no trabalho do Mário Campioli, eu tô com ele!

    Seguindo o positivismo do nosso ilustre "dyrector"

    Vâmo-que-vâmo!

    Godoi

    ResponderExcluir
  2. Que grupo bacana que vc tem Mikael. Sentindo aqui o entrosamento de vcs... Parabéns, vc merece. Não nos conhecemos pessoalmente, mas o admiro muito como profissional. Não só pelo belo roteiro do Inverno, mas por sua agudeza e maneira gentilíssima com que trata os colegas, seja num fórum público, e pelo visto, no trabalho tb. Um grande abraço e tudo de bom com o filme!!!

    ResponderExcluir
  3. Obrigado, Valeska. Você é ótima!
    E acertou numa coisa: a equipe do filme dá orgulho.

    Assim que eu tiver um primeiro corte, te mandarei pra ouvir novas opiniões.

    ResponderExcluir